"Digital Methods and Tools for Historical Research" is the title of an international workshop to be held at Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, on 18 and 19 November, 2011.
Organization: Luís Espinha da Silveira and Daniel Alves
Presentation: With this initiative we intend to discuss the implications of using digital technologies in the production and dissemination of knowledge in History. We seek to understand how a set of digital methodologies has influenced historical research, to discuss its advantages and disadvantages, as well as to identify innovative ways of linking the future of the digital world to the study of the past. On the first day, the meeting goes around four thematic sessions dedicated to the presentation and discussion of different methodologies (relational databases; geographic information systems; text encoding; digitization and preservation of digital memory). The program of that day closes with a conference on the significance of historical research in a digital environment. The second day will be filled with three workshops devoted to relevant digital tools for historical research, including GIS, text encoding, and reference management software. We expect this conference stimulates discussion about the interaction between History and Information Technology, and encourages its use by the academic community, especially young researchers.
Dates: 2011, November, 18th-19th (free attendance)
Location: I&D building, 4th floor, room 2 (FCSH, Av. de Berna, 26-C, 1069-061 Lisbon, Portugal)
Program:
Friday (18th) (Room 2, 4th floor, I&D building, FCSH)
9:00 – Opening
9:30 – 1st session: Primary sources and relational databases
John Bradley (King's College London), Silk purses and sow's ears: in what ways can structured data deal with historical sources?
Joaquim de Carvalho (Universidade de Coimbra), Combining source oriented and person oriented data models in prosopographical database design
moderator: Daniel Alves (IHC, FCSH-Universidade Nova de Lisboa)
11:00 – coffee break
11:15 – 2nd session: Interaction of space and time: GIS and History
Paul Ell (Queen's University Belfast), Humanities Geographical Information Systems: texts, images, maps
Luís Espinha da Silveira (IHC, FCSH-Universidade Nova de Lisboa), GIS and historical research: promises, achievements and pitfalls
moderator: Marco Painho (ISEGI - Universidade Nova de Lisboa)
12:45 – Lunch
14:30 – 3rd session: Decoding historical sources: Text Encoding
Malte Rehbein (Universität Würzburg), Text Encoding: a historian's perspective
Rita Marquilhas (Centro de Linguística - Universidade de Lisboa), The automatic research of digital editions
moderator: Andreia Martins (FCSH-Universidade Nova de Lisboa and King’s College London)
16:00 – coffee break
16:15 – 4th session: Internet, digitization and digital preservation
Melissa Terras (University College London), Exploring the potential of Digital Humanities with the Transcribe Bentham project
Daniel Gomes (Portuguese Web Archive – Fundação para a Computação Científica Nacional), Web archiving
moderator: José Borbinha (Instituto Superior Técnico)
17:45 – coffee break
18:00 – Closing conference
Peter Doorn (Data Archiving and Networked Services, Nederland), Computational history among e-science, digital humanities and research infrastructures: accomplishments and challenges
Saturday (19th) (Room T8, Tower B, FCSH)
Workshops (11:00 - 13:00):
A – Historical GIS (Luís Silveira and Ana Alcântara, FCSH-UNL)
B – Zotero (Daniel Alves, FCSH-UNL)
Workshops (14:30 - 17:30):
C – Text Encoding (Julianne Nyhan, University College London)
D – Atlas.ti (Pedro Sousa, FCSH-UNL)
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sábado, 22 de outubro de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
História 2.0: oportunidades e desafios de um olhar digital sobre o passado
[Texto da comunicação feita no dia 24 de Março de 2011 no VI Encontro Nacional de Estudantes de História, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa]
As tecnologias digitais e a sua mais recente evolução em particular, a chamada Web 2.0, podem ser consideradas como potenciadoras de uma verdadeira revolução, mais do que da mera comunicação, do próprio conhecimento e da cultura em geral. Contudo, tal como os outros tipos de revolução, existem determinadas vertentes desse conhecimento que estão a ser profundamente alteradas e outras que, pelo que nos é possível observar no presente, permanecem imutáveis, persistem, se quisermos utilizar uma expressão do célebre título de Arno Mayer, A persistência do Antigo Regime(Mayer 1981). No que ao conhecimento histórico diz respeito, cabe perguntar que parte está já a ser afectada pelo movimento digital e que parte permanece imóvel? E em que medida as mutações estão a contribuir para novas formas de produção científica e de acesso ao conhecimento histórico? Será que as “promessas” da revolução digital vão cumprir-se no que diz respeito à História e à transformação do trabalho do historiador, ou vão sobrepor-se os supostos “perigos”(“Promises and Perils of Digital History”, introdução do livro de Cohen e Rosenzweig 2006) inerentes ao recurso às novas tecnologias, condicionando a utilização das mesmas pelo mundo académico?
Mais do que encontrar respostas definitivas, pretendo aqui apresentar e discutir algumas oportunidades e desafios, mais estes que as primeiras, que a utilização do digital pode trazer para a História, enquanto disciplina, e para o historiador, nomeadamente, ao nível da escrita e da divulgação do conhecimento historiográfico.
No início da década de 1990, quando os browsers da Internet começavam a dar os primeiros passos, a comunidade académica dividiu-se na interpretação dos sinais que apontavam para as consequências do futuro do novo mundo digital. Se uns tinham uma perspectiva positiva e consideravam estar na presença de uma verdadeira revolução do conhecimento, que levaria a profundas mudanças nas próprias salas de aula e na forma como se passaria a ter acesso à informação; outros viam precisamente nesses factores um caminhar para o abismo daquilo que era um sistema milenar de produção e validação do conhecimento científico. Se uns anteviam o paraíso através da disponibilização em formato digital e em velocidades estonteantes de todo um conjunto de informação até aí pouco acessível; outros adoptavam uma perspectiva muito próxima dos Luddistas do século XIX, profetizando uma destruição das diferenças “entre o verdadeiro e o falso”, da credibilidade académica ou mesmo de todo o “sistema de educação superior”(Cohen e Rosenzweig 2006).
Actualmente estaremos mais próximos do paraíso ou da destruição? Para responder a esta questão será útil continuar a viagem no tempo. Apesar dos debates iniciais, em 1999, continuava-se a afirmar que a comunidade dos historiadores permanecia dividida entre os que resistiam à ideia de fazer uso de tecnologias em ascensão, como os “catálogos electrónicos das bibliotecas ou o email”, e aqueles que abraçavam de forma entusiasta o que o mundo digital tinha para oferecer(Ayers 1999).
Permanecia a ideia de que pouco ou nada tinha mudado na forma tradicional de escrita da História. Não se vislumbrava ainda qualquer efeito ou sequer uma discussão alargada sobre os possíveis efeitos que o digital poderia introduzir na produção de conhecimento historiográfico e na sua divulgação, nomeadamente, ao nível da narrativa histórica ou no que dizia respeito às forma de acesso a uma audiência desejavelmente mais ampla para os trabalhos historiográficos(Ayers 1999).
Havia, porém, quem sondasse o futuro e antevisse um quase perfeito casamento entre a História e as tecnologias digitais. Estas tinham o condão de potenciar uma democratização do público-alvo da História, de estimular a diversidade temática ou de desenvolver o interesse por novas técnicas narrativas. Essas, eram, em 1999, as promessas expectáveis do digital, mas falava-se já de algumas conquistas, como o desenvolvimento da comunicação e partilha de ideias entre os historiadores, algo conseguido através do recurso à Internet(Ayers 1999).
Ao nível da publicação e da disseminação de resultados havia também algumas ideias sobre o que o futuro poderia trazer, face ao que acontecia já com a disponibilização de algumas, poucas, revistas online. Nesta altura, a tecnologia de ponta era o Cd-Rom e previa-se um aumento na disponibilização de fontes através da Internet, fruto de grandes projectos de digitalização de documentos(Ayers 1999).
Apesar de algumas conquistas da primeira década da expansão das tecnologias digitais ao mundo da produção historiográfica, aparentemente, pouco se tinha conseguido alterar em relação à narrativa histórica, à forma de construção do discurso historiográfico, que não recorria aos artifícios da interactividade, características intrínsecas do digital e que, no caso de um certo tipo de Literatura, estava a proporcionar ao leitor a sensação de estar a participar na construção do enredo(Ayers 1999).
Em 1999 acreditava-se que a “História digital poderia ser um catalisador e uma ferramenta na criação de um tipo de História mais literário”, mantendo, contudo, “uma rigorosa fidelidade à referenciação das fontes”. Continuava-se a privilegiar o livro, o texto impresso, é certo, mas pensava-se já numa narrativa histórica que pudesse fazer uso de todas as capacidades do HTML e do então nascente XML, uma narrativa que fosse construída a pensar na teia de links e nós que constituem a World Wide Web(Ayers 1999).
O hipertexto, com a sua multiplicidade de ligações e narrativas possíveis, iria levar a uma História mais complexa, multifacetada, talvez mais exigente na preparação do discurso, na construção e sustentação dos argumentos, uma vez que teria de lidar com múltiplas possibilidades de leitura. No fundo, previa-se que o aprofundamento da ligação entre a História e a Internet acabaria por fazer com que a primeira perdesse o seu tradicional discurso linear.
Uma das evoluções previstas para a História era o retorno à ligação privilegiada que já tinha tido com as outras ciências sociais, na medida em que só a colaboração interdisciplinar tornaria possível uma História “mais dinâmica, interactiva e reflexiva” que elaborasse uma descrição do passado mais complexa. Nesta visão, as tecnologias digitais, por facilitarem ou mesmo incentivarem essa multiplicidade de pontos de observação, eram consideradas como uma natural evolução para a História enquanto disciplina. O futuro iria trazer a História Digital, uma História que se tornaria, “simultaneamente, sofisticada e acessível”(Ayers 1999).
Porém, apesar de todo este entusiasmo, o aspecto a que se dava ainda maior relevância na ligação entre a História e o Digital era o da capacidade de armazenamento de informação e da velocidade do processamento da mesma. Ao mesmo tempo chamava-se a atenção para um dos riscos da, sempre crescente, aceleração tecnológica, o da dispersão e vulgarização do conhecimento, entendido como uma desvantagem, na medida em que para além de democratizar, os media digitais poderiam contribuir para um empobrecimento geral da qualidade desse mesmo conhecimento. A História dificilmente conseguiria fugir a esse destino e caberia aos historiadores saberem aproveitar a onda tecnológica para procurarem contrariar a tendência(Ayers 1999).
Meia dúzia de anos mais tarde, um novo diagnóstico à interacção entre História e Digital parecia apontar para as mesmas conclusões. Embora não se negasse que as tecnologias digitais tinham trazido mudanças em termos sociais, nos comportamentos quotidianos, na pesquisa de informação, na forma de comunicação ou até mesmo alterações no modo como se “investiga, escreve, publica e ensina” História afirmava-se estar ainda muito longe do Éden digital e isto no “longínquo” ano de 2005(Introdução em Cohen e Rosenzweig 2006).
Reforço a perspectiva de distância temporal porque, efectivamente, se olharmos para a velocidade das mutações tecnológicas, 6 anos é um gigantesco salto no tempo e são outros 6 que nos separam da análise feita em 2005. Nova meia dúzia de anos que viram nascer a chamada Web 2.0, a Web social e colaborativa. Só para dar alguns exemplos dessa velocidade repare-se que, em 2005, o Facebook estava na infância e passava praticamente despercebido fora do meio académico (estudantil!) das universidades norte-americanas. O YouTube nasceu nesse mesmo ano; o MySpace só em 2004 tinha adquirido características de rede social. Comparada com todos estes, a Wikipédia, lançada em 2001, era já uma velhinha da Internet. Um último exemplo para referir que, em 2005, ainda não tinha nascido o Twitter, que nos dias de hoje é usado, tanto para a realização de conferências científicas (ThatCamp: The Humanities And Technology Camp), como para divulgar os mais recentes desenvolvimentos das Revoluções no Mundo Árabe.
Uma vez mais, mostrando o pouco que se tinha avançado, o que era destacado em 2005, como uma das principais vantagens do uso das tecnologias digitais para os historiadores, era a capacidade de armazenamento e processamento de informação que elas disponibilizavam(Cohen e Rosenzweig 2006). A chamada de atenção, novamente, para esta capacidade do digital de colocar em pequenos espaços uma enorme quantidade de informação, pode parecer redundante, mas o certo é que essa característica traz já algumas consequências ou desafios para o trabalho dos actuais historiadores e que irão ser determinantes na moldagem da forma de abordar o passado dos futuros historiadores.
Talvez o desafio mais significativo seja o da superabundância de dados, que levará necessariamente a alterações na forma como o historiador constrói a sua visão do passado. Habituado à escassez de informação, obrigado, na maior parte dos casos, a lidar com dados lacunares e dispersos, tendo elaborado toda uma metodologia de construção do saber histórico assente no permanente confronto e comparação de fontes complementares, o problema que agora se coloca e que se vai avolumar daqui para a frente é o da selecção e avaliação da pertinência de um grande volume de dados.
Poder-se-á dizer que isto já era feito antes da era digital. Num passado, apesar de tudo, não muito longínquo, o historiador recorria, como sempre o fez, à selecção e avaliação de fontes para conseguir levar por diante a sua análise. Contudo, existe uma diferença assinalável, pois enquanto antes recorria a esta metodologia, essencialmente, para conseguir ultrapassar as lacunas do passado, agora ele tem de pensar seriamente na forma e nas ferramentas de selecção de informação para poder conseguir lidar com um volume de dados que tende a ser avassalador.
Esse volume de informação e as formas digitais, interactivas, de aceder à mesma vão começar ou estão já a começar a colocar outros desafios, nomeadamente, à própria narrativa histórica. Num artigo publicado em Dezembro último na revista History and Teory, é afirmado que o conceito actual de narrativa histórica tem de ser encarado de forma diferente, não porque os historiadores estejam a fazer um uso distinto da mesma, mas porque a narrativa, em termos gerais, está a mudar, em grande medida, fruto de pressões externas, sendo a mais significativa a que é exercida pelos meios de comunicação digitais(Rigney 2010, 100-104).
Ao procurar teorizar sobre este impacto, a autora do artigo, Ann Rigney, socorre-se do trabalho de Marshal McLuhan, A galáxia de Gutenberg(McLuhan 1977), e da sua ideia sobre a cultura do livro impresso como algo que veio impor uma definitiva separação entre o autor e o público, na medida em que fixando o seu discurso, o livro dificultaria a interactividade e a espontaneidade que, na sua visão, eram características da cultura oral. Nesse sentido, sendo o discurso historiográfico, ainda hoje, maioritariamente fixado nesse meio de comunicação, também o podemos classificar como um produto, uma narrativa, que restringe ou limita a interactividade e a espontaneidade. Algo que, como se percebe, vai claramente em sentido oposto ao que é a tendência do momento cultural actual, influenciado por aquela Web 2.0 de que dei alguns exemplos atrás.
Apesar disso, os historiadores sempre recorreram a outras formas de mediação, eminentemente orais e em certa medida participativas, como o são as conferências, congressos e eventos afins. Contudo, essas características de interactividade e espontaneidade, presentes na cultura de tradição oral e, em grande medida, ausentes na sua forma impressa, é preciso afirmá-lo que durante muitos anos e fruto de uma cultura de “persistência do Antigo Regime” fizeram parte de um jogo, consciente ou inconsciente, que definia e delimitava o poder, o prestígio e até a aura de respeitabilidade que a profissão académica tem gozado. O que não é de molde a facilitar as mudanças, como se compreende.
Ora, são as características de fixidez, pouca interactividade e rara espontaneidade da cultura impressa que estão a mudar nos últimos 20 anos e com espantosa velocidade nos últimos 5 a 6 anos. E ao mudarem, vão certamente colocar desafios, se não estão já a fazê-lo, ao historiador. Não porque a profissão de historiador ou o seu modo de escrever História tenham mudado intrinsecamente, internamente, nestes últimos anos, mas porque estão a ser cada vez mais pressionados a isso pelas mudanças de paradigma em termos de publicação e divulgação culturais impostas pelos media digitais. Neste caso, as mudanças não são apenas relativas ao meio de publicação, à passagem do impresso para o digital, mas têm implicações em termos culturais e sociais, na medida em que os novos meios “aceleram o fluxo da informação, geram redes e mudam atitudes”(Rigney 2010, 105) em relação a aspectos desde sempre acarinhados ou até ferozmente defendidos pela academia, como são os direitos de autor, a autoridade científica e a fiabilidade da informação.
Não pretendo aqui discutir se as tecnologias digitais estão a colocar esses aspectos em causa no bom ou no mau sentido, mas é inegável que estão a ter esse impacto e ele é tão mais importante para a História quanto mais importante for o impacto das tecnologias digitais no quotidiano dos indivíduos e na moldagem do seu modo de aceder e participar na cultura e na circulação da informação em geral. Isto quer dizer que as mudanças serão mais evidentes para uma geração de futuros historiadores que já nasceram na era do digital e da Internet, do que para aquela geração que cresceu profissionalmente à sombra dos velhos paradigmas. Mas mesmo para estes historiadores, as tecnologias digitais representam desafios, pois para poderem continuar a cultivar uma audiência para o seu trabalho (é impensável supor que se possa produzir História apenas para uma pequena clique académica ou apenas para gozo e realização pessoal) também eles terão de adaptar a narrativa histórica para uma forma que vá de encontro à hipertextualidade dos dias que correm.
Para além disso, a massiva disponibilização e facilitada acessibilidade da informação, na forma de grandes projectos de digitalização, tenderá, muito provavelmente, a forçar os historiadores a serem ainda mais exigentes com a abordagem do seu objecto de estudo, evitando generalizações escassamente fundamentadas, por exemplo, uma vez que uma parte significativa dessas fontes tende também a ficar disponível para escrutínio público(Cohen 2010). É claro que existe um reverso da moeda, que é a cada vez maior dificuldade, num mundo onde a informação é mais democrática e aberta, em conseguir ser original e inovador ou em manter o foco de atenção em problemas historiográficos realmente pertinentes, procurando não cair na tentação do episódico ou na armadilha da dispersão.
Contudo, estes desafios podem trazer também, já estão a trazer, efectivamente outras tantas oportunidades ou vantagens para os historiadores. As ferramentas da Web 2.0 podem ajudar a transformar a nossa disciplina, onde a facilidade em criar redes, em partilhar resultados, em encetar trabalhos colaborativos e interdisciplinares pode e deve ser uma perspectiva a valorizar. Apesar de tudo, parece ser seguro dizer que a História e os historiadores não ficaram imunes às mudanças das últimas décadas. É hoje evidente que a Internet e o mundo digital em geral, com os seus conceitos, linguagens e ferramentas, são uma componente essencial do trabalho de uma parte significativa de historiadores e podem representar uma mais-valia em termos da quantidade, acessibilidade, flexibilidade e diversidade da informação disponível, seja ela de âmbito geral ou específica da área de conhecimento histórico. Contudo, todas estas características e, em certo sentido, inovações introduzidas pela era da informação digital, não nos devem fazer esquecer uma componente essencial do trabalho do historiador, que deve estar sempre presente, esteja ele a lidar com a informação em formato analógico ou digital.
Essa componente é o espírito crítico, a análise criteriosa das fontes, o permanente colocar em questão se e de que forma as tecnologias digitais podem ajudar o seu trabalho e a fazerem dele um trabalho melhor e/ou diferente. Este sentido crítico deve fazer o historiador olhar para as vantagens e desvantagens de fazer ou recorrer à chamada “História Digital” e, a cada momento, ser capaz de “maximizar as primeiras e diminuir os efeitos das segundas”(Cohen e Rosenzweig 2006). Se o conseguir, através do recurso às tecnologias digitais, então é provável que ele possa levar a cabo uma história mais complexa, mais problematizante, mais global. Uma História que possa evitar os riscos da banalização, da simplificação ou até da adulteração a que o conhecimento histórico está sujeito em resultado do exponencial crescimento da Web colaborativa e social. No fundo, uma História, também ela, 2.0!
Bibliografia:
Ayers, Edward L. 1999. The Pasts and Futures of Digital History. http://www.vcdh.virginia.edu/PastsFutures.html.
Cohen, Dan. 2010. Is Google Good for History? Dan Cohen’s Digital Humanities Blog. http://www.dancohen.org/2010/01/07/is-google-good-for-history/.
Cohen, Dan, e Roy Rosenzweig. 2006. Digital history: a guide to gathering, preserving, and presenting the past on the Web. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.
Mayer, Arno J. 1981. The Persistence of the Old Regime: Europe to the Great War. Taylor & Francis.
McLuhan, Marshall. 1977. A galáxia de Gutenberg: a formação do homem tipográfico. Säo Paulo: Editora Nacional.
Rigney, Ann. 2010. “When the monograph is no longer the medium: historical narrative in the online age”. History and Theory 49 (4): 100-117. doi:10.1111/j.1468-2303.2010.00562.x.
As tecnologias digitais e a sua mais recente evolução em particular, a chamada Web 2.0, podem ser consideradas como potenciadoras de uma verdadeira revolução, mais do que da mera comunicação, do próprio conhecimento e da cultura em geral. Contudo, tal como os outros tipos de revolução, existem determinadas vertentes desse conhecimento que estão a ser profundamente alteradas e outras que, pelo que nos é possível observar no presente, permanecem imutáveis, persistem, se quisermos utilizar uma expressão do célebre título de Arno Mayer, A persistência do Antigo Regime(Mayer 1981). No que ao conhecimento histórico diz respeito, cabe perguntar que parte está já a ser afectada pelo movimento digital e que parte permanece imóvel? E em que medida as mutações estão a contribuir para novas formas de produção científica e de acesso ao conhecimento histórico? Será que as “promessas” da revolução digital vão cumprir-se no que diz respeito à História e à transformação do trabalho do historiador, ou vão sobrepor-se os supostos “perigos”(“Promises and Perils of Digital History”, introdução do livro de Cohen e Rosenzweig 2006) inerentes ao recurso às novas tecnologias, condicionando a utilização das mesmas pelo mundo académico?
Mais do que encontrar respostas definitivas, pretendo aqui apresentar e discutir algumas oportunidades e desafios, mais estes que as primeiras, que a utilização do digital pode trazer para a História, enquanto disciplina, e para o historiador, nomeadamente, ao nível da escrita e da divulgação do conhecimento historiográfico.
No início da década de 1990, quando os browsers da Internet começavam a dar os primeiros passos, a comunidade académica dividiu-se na interpretação dos sinais que apontavam para as consequências do futuro do novo mundo digital. Se uns tinham uma perspectiva positiva e consideravam estar na presença de uma verdadeira revolução do conhecimento, que levaria a profundas mudanças nas próprias salas de aula e na forma como se passaria a ter acesso à informação; outros viam precisamente nesses factores um caminhar para o abismo daquilo que era um sistema milenar de produção e validação do conhecimento científico. Se uns anteviam o paraíso através da disponibilização em formato digital e em velocidades estonteantes de todo um conjunto de informação até aí pouco acessível; outros adoptavam uma perspectiva muito próxima dos Luddistas do século XIX, profetizando uma destruição das diferenças “entre o verdadeiro e o falso”, da credibilidade académica ou mesmo de todo o “sistema de educação superior”(Cohen e Rosenzweig 2006).
Actualmente estaremos mais próximos do paraíso ou da destruição? Para responder a esta questão será útil continuar a viagem no tempo. Apesar dos debates iniciais, em 1999, continuava-se a afirmar que a comunidade dos historiadores permanecia dividida entre os que resistiam à ideia de fazer uso de tecnologias em ascensão, como os “catálogos electrónicos das bibliotecas ou o email”, e aqueles que abraçavam de forma entusiasta o que o mundo digital tinha para oferecer(Ayers 1999).
Permanecia a ideia de que pouco ou nada tinha mudado na forma tradicional de escrita da História. Não se vislumbrava ainda qualquer efeito ou sequer uma discussão alargada sobre os possíveis efeitos que o digital poderia introduzir na produção de conhecimento historiográfico e na sua divulgação, nomeadamente, ao nível da narrativa histórica ou no que dizia respeito às forma de acesso a uma audiência desejavelmente mais ampla para os trabalhos historiográficos(Ayers 1999).
Havia, porém, quem sondasse o futuro e antevisse um quase perfeito casamento entre a História e as tecnologias digitais. Estas tinham o condão de potenciar uma democratização do público-alvo da História, de estimular a diversidade temática ou de desenvolver o interesse por novas técnicas narrativas. Essas, eram, em 1999, as promessas expectáveis do digital, mas falava-se já de algumas conquistas, como o desenvolvimento da comunicação e partilha de ideias entre os historiadores, algo conseguido através do recurso à Internet(Ayers 1999).
Ao nível da publicação e da disseminação de resultados havia também algumas ideias sobre o que o futuro poderia trazer, face ao que acontecia já com a disponibilização de algumas, poucas, revistas online. Nesta altura, a tecnologia de ponta era o Cd-Rom e previa-se um aumento na disponibilização de fontes através da Internet, fruto de grandes projectos de digitalização de documentos(Ayers 1999).
Apesar de algumas conquistas da primeira década da expansão das tecnologias digitais ao mundo da produção historiográfica, aparentemente, pouco se tinha conseguido alterar em relação à narrativa histórica, à forma de construção do discurso historiográfico, que não recorria aos artifícios da interactividade, características intrínsecas do digital e que, no caso de um certo tipo de Literatura, estava a proporcionar ao leitor a sensação de estar a participar na construção do enredo(Ayers 1999).
Em 1999 acreditava-se que a “História digital poderia ser um catalisador e uma ferramenta na criação de um tipo de História mais literário”, mantendo, contudo, “uma rigorosa fidelidade à referenciação das fontes”. Continuava-se a privilegiar o livro, o texto impresso, é certo, mas pensava-se já numa narrativa histórica que pudesse fazer uso de todas as capacidades do HTML e do então nascente XML, uma narrativa que fosse construída a pensar na teia de links e nós que constituem a World Wide Web(Ayers 1999).
O hipertexto, com a sua multiplicidade de ligações e narrativas possíveis, iria levar a uma História mais complexa, multifacetada, talvez mais exigente na preparação do discurso, na construção e sustentação dos argumentos, uma vez que teria de lidar com múltiplas possibilidades de leitura. No fundo, previa-se que o aprofundamento da ligação entre a História e a Internet acabaria por fazer com que a primeira perdesse o seu tradicional discurso linear.
Uma das evoluções previstas para a História era o retorno à ligação privilegiada que já tinha tido com as outras ciências sociais, na medida em que só a colaboração interdisciplinar tornaria possível uma História “mais dinâmica, interactiva e reflexiva” que elaborasse uma descrição do passado mais complexa. Nesta visão, as tecnologias digitais, por facilitarem ou mesmo incentivarem essa multiplicidade de pontos de observação, eram consideradas como uma natural evolução para a História enquanto disciplina. O futuro iria trazer a História Digital, uma História que se tornaria, “simultaneamente, sofisticada e acessível”(Ayers 1999).
Porém, apesar de todo este entusiasmo, o aspecto a que se dava ainda maior relevância na ligação entre a História e o Digital era o da capacidade de armazenamento de informação e da velocidade do processamento da mesma. Ao mesmo tempo chamava-se a atenção para um dos riscos da, sempre crescente, aceleração tecnológica, o da dispersão e vulgarização do conhecimento, entendido como uma desvantagem, na medida em que para além de democratizar, os media digitais poderiam contribuir para um empobrecimento geral da qualidade desse mesmo conhecimento. A História dificilmente conseguiria fugir a esse destino e caberia aos historiadores saberem aproveitar a onda tecnológica para procurarem contrariar a tendência(Ayers 1999).
Meia dúzia de anos mais tarde, um novo diagnóstico à interacção entre História e Digital parecia apontar para as mesmas conclusões. Embora não se negasse que as tecnologias digitais tinham trazido mudanças em termos sociais, nos comportamentos quotidianos, na pesquisa de informação, na forma de comunicação ou até mesmo alterações no modo como se “investiga, escreve, publica e ensina” História afirmava-se estar ainda muito longe do Éden digital e isto no “longínquo” ano de 2005(Introdução em Cohen e Rosenzweig 2006).
Reforço a perspectiva de distância temporal porque, efectivamente, se olharmos para a velocidade das mutações tecnológicas, 6 anos é um gigantesco salto no tempo e são outros 6 que nos separam da análise feita em 2005. Nova meia dúzia de anos que viram nascer a chamada Web 2.0, a Web social e colaborativa. Só para dar alguns exemplos dessa velocidade repare-se que, em 2005, o Facebook estava na infância e passava praticamente despercebido fora do meio académico (estudantil!) das universidades norte-americanas. O YouTube nasceu nesse mesmo ano; o MySpace só em 2004 tinha adquirido características de rede social. Comparada com todos estes, a Wikipédia, lançada em 2001, era já uma velhinha da Internet. Um último exemplo para referir que, em 2005, ainda não tinha nascido o Twitter, que nos dias de hoje é usado, tanto para a realização de conferências científicas (ThatCamp: The Humanities And Technology Camp), como para divulgar os mais recentes desenvolvimentos das Revoluções no Mundo Árabe.
Uma vez mais, mostrando o pouco que se tinha avançado, o que era destacado em 2005, como uma das principais vantagens do uso das tecnologias digitais para os historiadores, era a capacidade de armazenamento e processamento de informação que elas disponibilizavam(Cohen e Rosenzweig 2006). A chamada de atenção, novamente, para esta capacidade do digital de colocar em pequenos espaços uma enorme quantidade de informação, pode parecer redundante, mas o certo é que essa característica traz já algumas consequências ou desafios para o trabalho dos actuais historiadores e que irão ser determinantes na moldagem da forma de abordar o passado dos futuros historiadores.
Talvez o desafio mais significativo seja o da superabundância de dados, que levará necessariamente a alterações na forma como o historiador constrói a sua visão do passado. Habituado à escassez de informação, obrigado, na maior parte dos casos, a lidar com dados lacunares e dispersos, tendo elaborado toda uma metodologia de construção do saber histórico assente no permanente confronto e comparação de fontes complementares, o problema que agora se coloca e que se vai avolumar daqui para a frente é o da selecção e avaliação da pertinência de um grande volume de dados.
Poder-se-á dizer que isto já era feito antes da era digital. Num passado, apesar de tudo, não muito longínquo, o historiador recorria, como sempre o fez, à selecção e avaliação de fontes para conseguir levar por diante a sua análise. Contudo, existe uma diferença assinalável, pois enquanto antes recorria a esta metodologia, essencialmente, para conseguir ultrapassar as lacunas do passado, agora ele tem de pensar seriamente na forma e nas ferramentas de selecção de informação para poder conseguir lidar com um volume de dados que tende a ser avassalador.
Esse volume de informação e as formas digitais, interactivas, de aceder à mesma vão começar ou estão já a começar a colocar outros desafios, nomeadamente, à própria narrativa histórica. Num artigo publicado em Dezembro último na revista History and Teory, é afirmado que o conceito actual de narrativa histórica tem de ser encarado de forma diferente, não porque os historiadores estejam a fazer um uso distinto da mesma, mas porque a narrativa, em termos gerais, está a mudar, em grande medida, fruto de pressões externas, sendo a mais significativa a que é exercida pelos meios de comunicação digitais(Rigney 2010, 100-104).
Ao procurar teorizar sobre este impacto, a autora do artigo, Ann Rigney, socorre-se do trabalho de Marshal McLuhan, A galáxia de Gutenberg(McLuhan 1977), e da sua ideia sobre a cultura do livro impresso como algo que veio impor uma definitiva separação entre o autor e o público, na medida em que fixando o seu discurso, o livro dificultaria a interactividade e a espontaneidade que, na sua visão, eram características da cultura oral. Nesse sentido, sendo o discurso historiográfico, ainda hoje, maioritariamente fixado nesse meio de comunicação, também o podemos classificar como um produto, uma narrativa, que restringe ou limita a interactividade e a espontaneidade. Algo que, como se percebe, vai claramente em sentido oposto ao que é a tendência do momento cultural actual, influenciado por aquela Web 2.0 de que dei alguns exemplos atrás.
Apesar disso, os historiadores sempre recorreram a outras formas de mediação, eminentemente orais e em certa medida participativas, como o são as conferências, congressos e eventos afins. Contudo, essas características de interactividade e espontaneidade, presentes na cultura de tradição oral e, em grande medida, ausentes na sua forma impressa, é preciso afirmá-lo que durante muitos anos e fruto de uma cultura de “persistência do Antigo Regime” fizeram parte de um jogo, consciente ou inconsciente, que definia e delimitava o poder, o prestígio e até a aura de respeitabilidade que a profissão académica tem gozado. O que não é de molde a facilitar as mudanças, como se compreende.
Ora, são as características de fixidez, pouca interactividade e rara espontaneidade da cultura impressa que estão a mudar nos últimos 20 anos e com espantosa velocidade nos últimos 5 a 6 anos. E ao mudarem, vão certamente colocar desafios, se não estão já a fazê-lo, ao historiador. Não porque a profissão de historiador ou o seu modo de escrever História tenham mudado intrinsecamente, internamente, nestes últimos anos, mas porque estão a ser cada vez mais pressionados a isso pelas mudanças de paradigma em termos de publicação e divulgação culturais impostas pelos media digitais. Neste caso, as mudanças não são apenas relativas ao meio de publicação, à passagem do impresso para o digital, mas têm implicações em termos culturais e sociais, na medida em que os novos meios “aceleram o fluxo da informação, geram redes e mudam atitudes”(Rigney 2010, 105) em relação a aspectos desde sempre acarinhados ou até ferozmente defendidos pela academia, como são os direitos de autor, a autoridade científica e a fiabilidade da informação.
Não pretendo aqui discutir se as tecnologias digitais estão a colocar esses aspectos em causa no bom ou no mau sentido, mas é inegável que estão a ter esse impacto e ele é tão mais importante para a História quanto mais importante for o impacto das tecnologias digitais no quotidiano dos indivíduos e na moldagem do seu modo de aceder e participar na cultura e na circulação da informação em geral. Isto quer dizer que as mudanças serão mais evidentes para uma geração de futuros historiadores que já nasceram na era do digital e da Internet, do que para aquela geração que cresceu profissionalmente à sombra dos velhos paradigmas. Mas mesmo para estes historiadores, as tecnologias digitais representam desafios, pois para poderem continuar a cultivar uma audiência para o seu trabalho (é impensável supor que se possa produzir História apenas para uma pequena clique académica ou apenas para gozo e realização pessoal) também eles terão de adaptar a narrativa histórica para uma forma que vá de encontro à hipertextualidade dos dias que correm.
Para além disso, a massiva disponibilização e facilitada acessibilidade da informação, na forma de grandes projectos de digitalização, tenderá, muito provavelmente, a forçar os historiadores a serem ainda mais exigentes com a abordagem do seu objecto de estudo, evitando generalizações escassamente fundamentadas, por exemplo, uma vez que uma parte significativa dessas fontes tende também a ficar disponível para escrutínio público(Cohen 2010). É claro que existe um reverso da moeda, que é a cada vez maior dificuldade, num mundo onde a informação é mais democrática e aberta, em conseguir ser original e inovador ou em manter o foco de atenção em problemas historiográficos realmente pertinentes, procurando não cair na tentação do episódico ou na armadilha da dispersão.
Contudo, estes desafios podem trazer também, já estão a trazer, efectivamente outras tantas oportunidades ou vantagens para os historiadores. As ferramentas da Web 2.0 podem ajudar a transformar a nossa disciplina, onde a facilidade em criar redes, em partilhar resultados, em encetar trabalhos colaborativos e interdisciplinares pode e deve ser uma perspectiva a valorizar. Apesar de tudo, parece ser seguro dizer que a História e os historiadores não ficaram imunes às mudanças das últimas décadas. É hoje evidente que a Internet e o mundo digital em geral, com os seus conceitos, linguagens e ferramentas, são uma componente essencial do trabalho de uma parte significativa de historiadores e podem representar uma mais-valia em termos da quantidade, acessibilidade, flexibilidade e diversidade da informação disponível, seja ela de âmbito geral ou específica da área de conhecimento histórico. Contudo, todas estas características e, em certo sentido, inovações introduzidas pela era da informação digital, não nos devem fazer esquecer uma componente essencial do trabalho do historiador, que deve estar sempre presente, esteja ele a lidar com a informação em formato analógico ou digital.
Essa componente é o espírito crítico, a análise criteriosa das fontes, o permanente colocar em questão se e de que forma as tecnologias digitais podem ajudar o seu trabalho e a fazerem dele um trabalho melhor e/ou diferente. Este sentido crítico deve fazer o historiador olhar para as vantagens e desvantagens de fazer ou recorrer à chamada “História Digital” e, a cada momento, ser capaz de “maximizar as primeiras e diminuir os efeitos das segundas”(Cohen e Rosenzweig 2006). Se o conseguir, através do recurso às tecnologias digitais, então é provável que ele possa levar a cabo uma história mais complexa, mais problematizante, mais global. Uma História que possa evitar os riscos da banalização, da simplificação ou até da adulteração a que o conhecimento histórico está sujeito em resultado do exponencial crescimento da Web colaborativa e social. No fundo, uma História, também ela, 2.0!
Bibliografia:
Ayers, Edward L. 1999. The Pasts and Futures of Digital History. http://www.vcdh.virginia.edu/PastsFutures.html.
Cohen, Dan. 2010. Is Google Good for History? Dan Cohen’s Digital Humanities Blog. http://www.dancohen.org/2010/01/07/is-google-good-for-history/.
Cohen, Dan, e Roy Rosenzweig. 2006. Digital history: a guide to gathering, preserving, and presenting the past on the Web. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.
Mayer, Arno J. 1981. The Persistence of the Old Regime: Europe to the Great War. Taylor & Francis.
McLuhan, Marshall. 1977. A galáxia de Gutenberg: a formação do homem tipográfico. Säo Paulo: Editora Nacional.
Rigney, Ann. 2010. “When the monograph is no longer the medium: historical narrative in the online age”. History and Theory 49 (4): 100-117. doi:10.1111/j.1468-2303.2010.00562.x.
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Web 2.0
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Decoding Digital Humanities Lisbon
DDHLX Lisbon é um encontro informal mensal aberto a todos os interessados em discutir a aplicação das tecnologias digitais ao estudo e investigação nas Humanidades. Pretende-se criar um fórum de discussão de textos, ideias e projectos, fomentando o diálogo entre as diversas disciplinas das humanidades, na sua ligação com o digital. Os encontros decorrem na Livraria Pó dos Livros, Av. Marquês de Tomar, nº 89. Decoding Digital Humanities é uma iniciativa associada ao Centre for Digital Humanities - University College London. A versão de Lisboa está sediada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) e é coordenada por Andreia Martins Carvalho e Daniel Alves.
A primeira sessão foi em Novembro, dedicada ao tema "Humanidades Digitais. Reflexões académicas". No final do corrente mês de Fevereiro (data e tema a anunciar brevemente) terá lugar a segunda sessão.
A primeira sessão foi em Novembro, dedicada ao tema "Humanidades Digitais. Reflexões académicas". No final do corrente mês de Fevereiro (data e tema a anunciar brevemente) terá lugar a segunda sessão.
domingo, 7 de março de 2010
Clio e Zotero
Por estes tempos o trabalho e as ocupações têm sido em demasia e a disponibilidade para ir actualizando o "Clio sabe surfar!" tem sido pouca. Porém, o retomar das actividades ligadas à História Digital, como sejam a docência em Informática Aplicada à História, na universidade, uma acção de formação sobre a exploração da temática das revoluções contemporâneas através da Internet, pela APH, ou o retomar da Escola de Verão, na FCSH, criaram o ensejo de lançar nova mensagem no ciberespaço. É precisamente sobre esta última que pretendo falar. Depois da edição de 2009 onde foi apresentado o curso "Clio sabe surfar! A Internet como ferramenta para as Ciências Históricas" (responsável pelo nascimento deste blogue!), este ano, além de repetir a dose vou apresentar também o curso "Zotero: gestão bibliográfica simples para uma investigação produtiva". As inscrições para os dois cursos já estão abertas.
O que é o Zotero, estarão provavelmente a perguntar? É... simples. É isso mesmo, é um software simples para recolha, organização e gestão de referências bibliográficas, e não só, na Internet. Mas simples, neste caso, significa também potente e eficaz. Hoje em dia, uma parte significativa do nosso trabalho de pesquisa de informação passa pela Web, passamos algumas horas por semana, ou mesmo por dia, a navegar em informação. O perigo, por vezes, é de naufrágio, ou, dito por outras palavras, é não aproveitarmos convenientemente o que vamos descobrindo no mar digital, pois nem sempre é simples gerir esse volume de dados para dar novos mundos ao nosso mundo: seja porque não conseguimos recordar todos os sítios (de Internet!) por onde andámos, seja porque a lista de favoritos começa a ficar caótica, seja porque não sabemos onde está guardado no computador aquele artigo espectacular que descarregámos, seja porque não somos capazes de voltar a fazer aquela pesquisa fantástica que nos levou a uns vídeos interessantíssimos, seja ainda porque começa a ser impossível controlar a nossa biblioteca pessoal. O que o Zotero promete e (sou suspeito para dizer isto, mas vou dizê-lo na mesma!) cumpre é colocar ordem neste aparente caos informacional.
O Zotero é uma ferramenta concebida e mantida pelo Center for History and New Media da Universidade de George Mason, em Washington, onde tive o privilégio de ter frequentado um workshop sobre Digital History. Foi aí que pela primeira vez tomei contacto com o Zotero (acabadinho de nascer!) e, devo afirmá-lo, foi "amizade à primeira vista". Um software descomplicado, que facilita a gestão da informação, feito por uma equipa de historiadores a pensar essencialmente, mas não só, nos utilizadores da Internet só podia ter esse efeito sobre um aprendiz de historiador que usa a Web como uma ferramenta profissional em várias vertentes da sua actividade laboral.
O que é o Zotero, estarão provavelmente a perguntar? É... simples. É isso mesmo, é um software simples para recolha, organização e gestão de referências bibliográficas, e não só, na Internet. Mas simples, neste caso, significa também potente e eficaz. Hoje em dia, uma parte significativa do nosso trabalho de pesquisa de informação passa pela Web, passamos algumas horas por semana, ou mesmo por dia, a navegar em informação. O perigo, por vezes, é de naufrágio, ou, dito por outras palavras, é não aproveitarmos convenientemente o que vamos descobrindo no mar digital, pois nem sempre é simples gerir esse volume de dados para dar novos mundos ao nosso mundo: seja porque não conseguimos recordar todos os sítios (de Internet!) por onde andámos, seja porque a lista de favoritos começa a ficar caótica, seja porque não sabemos onde está guardado no computador aquele artigo espectacular que descarregámos, seja porque não somos capazes de voltar a fazer aquela pesquisa fantástica que nos levou a uns vídeos interessantíssimos, seja ainda porque começa a ser impossível controlar a nossa biblioteca pessoal. O que o Zotero promete e (sou suspeito para dizer isto, mas vou dizê-lo na mesma!) cumpre é colocar ordem neste aparente caos informacional.
O Zotero é uma ferramenta concebida e mantida pelo Center for History and New Media da Universidade de George Mason, em Washington, onde tive o privilégio de ter frequentado um workshop sobre Digital History. Foi aí que pela primeira vez tomei contacto com o Zotero (acabadinho de nascer!) e, devo afirmá-lo, foi "amizade à primeira vista". Um software descomplicado, que facilita a gestão da informação, feito por uma equipa de historiadores a pensar essencialmente, mas não só, nos utilizadores da Internet só podia ter esse efeito sobre um aprendiz de historiador que usa a Web como uma ferramenta profissional em várias vertentes da sua actividade laboral.
sábado, 25 de julho de 2009
A Internet para os historiadores
A seguir apresento uma listagem de links meramente indicativa e até estatisticamente pouco representativa sobre o que a Internet pode disponibilizar para o historiador ou para o estudante de História. Constituem um ponto de partida tão bom como outro qualquer, nunca devem ser considerados como um ponto de chegada, pois a Internet tem muito mais para oferecer. Basta estar atento e não descurar ou menosprezar a via digital da História, tão válida como a via tradicional. Diga-se ainda que é uma listagem aberta a sugestões e que a ordem de apresentação dos links é um pouco aleatória, não pretendendo indicar qualquer hierarquia qualitativa ou de preferência. Talvez quando o número de links for mais significativo (quando tiver tempo e paciência para passar para aqui os meus "favoritos", por exemplo) pense numa ordem alfabética!
Arquivos
Direcção-Geral de Arquivos http://www.dgarq.gov.pt/
Assembleia da República http://debates.parlamento.pt
National Archives (Reino Unido) http://www.nationalarchives.gov.uk/
National Archives (EUA) http://www.archives.gov/
Enciclopédias
Encyclopædia Britannica http://www.britannica.com/
Encarta, Microsoft http://encarta.msn.com/
Wikipédia http://www.wikipedia.org/
Artigos e revistas
Directory of Open Access Journals http://www.doaj.org/
B-On http://www.b-on.pt/
ISI Web of Knowledge http://www.isiknowledge.com/
Persee. Portail de revues en sciences humaines et sociales http://www.persee.fr/
Revues.org http://www.revues.org/
JSTOR - Journal Storage http://www.jstor.org/
Portais temáticos
Best of History Web Sites http://www.besthistorysites.net/
Early Modern Resources http://www.earlymodernweb.org.uk/emr/
EH.Net Economic History Services http://eh.net/
History On-Line http://www.history.ac.uk/search/welcome.html
H-Net: Humanities and Social Sciences Online http://www.h-net.org/
Bibliotecas e museus
Biblioteca Nacional http://www.bn.pt/ e http://purl.pt
British Library http://www.bl.uk/
Library of Congress http://www.loc.gov/
Bibliothèque nationale de France http://www.bnf.fr/ e http://gallica.bnf.fr/
Instituto dos Museus e da Conservação http://www.ipmuseus.pt/
Louvre http://www.louvre.fr/
The Metropolitan Museum of Art http://www.metmuseum.org/
State Hermitage Museum http://www.hermitagemuseum.org
Bibliografias e índices
Royal Historic Society Bibliography http://www.rhs.ac.uk/bibl/bibwel.asp
ViVa: A Bibliography of Women's History http://www.iisg.nl/~womhist/vivahome.php
Organizações e associações
A:P:H – Associação de Professores de História http://www.aph.pt/
APHES – Associação Portuguesa de História Económica e Social http://www.aphes.pt/
Euroclio - Conferência Europeia de Associações de Professores de História http://www.euroclio.eu/
The Historical Association http://www.history.org.uk/
The American Historical Association http://www.historians.org/
American Association for History and Computing http://theaahc.org/
Centros e institutos de investigação
Centro de História de Além-Mar http://cham.fcsh.unl.pt/
Instituto de História Contemporânea http://ihc.fcsh.unl.pt/
Instituto de Estudos Medievais http://www.fcsh.unl.pt/iem/
Institute of Historical Research http://www.history.ac.uk/
Projectos de investigação
Projecto arqueológico «Médio Eufrates Sírio» http://www.arqueologiaoriente.com/
Ius Lusitaniae. Fontes Históricas do Direito Português http://www.iuslusitaniae.fcsh.unl.pt/
Atlas. Cartografia Histórica http://www.fcsh.unl.pt/atlas
Memórias Paroquiais de 1758 http://www.fcsh.unl.pt/memorias
Materiais para a história eleitoral e parlamentar portuguesa http://purl.pt/5854/1/
Theban Mapping Project http://www.thebanmappingproject.com/
Repositórios e publicações digitais
RepositóriUM (Universidade do Minho) https://repositorium.sdum.uminho.pt/
MatrizPix http://www.matrizpix.imc-ip.pt/matrizpix/
American Council of Learned Societies - Humanities E-Book http://www.humanitiesebook.org/
Database of EUI publications http://cadmus.eui.eu/dspace/
Eliohs – Electronic Library of Historiography http://www.eliohs.unifi.it/indexbib.html
EOD: E-books On Demand http://books2ebooks.eu/?lang=pt
eScholarship Editions http://www.escholarship.org/editions/
Repositories of primary sources http://uidaho.edu/special-collections/Other.Repositories.html
Gutenberg-e http://www.gutenberg-e.org/
Project Gutenberg http://www.gutenberg.org/
Historical Voices http://www.historicalvoices.org/
Perseus Digital Library http://www.perseus.tufts.edu/hopper/
Arquivos
Direcção-Geral de Arquivos http://www.dgarq.gov.pt/
Assembleia da República http://debates.parlamento.pt
National Archives (Reino Unido) http://www.nationalarchives.gov.uk/
National Archives (EUA) http://www.archives.gov/
Enciclopédias
Encyclopædia Britannica http://www.britannica.com/
Encarta, Microsoft http://encarta.msn.com/
Wikipédia http://www.wikipedia.org/
Artigos e revistas
Directory of Open Access Journals http://www.doaj.org/
B-On http://www.b-on.pt/
ISI Web of Knowledge http://www.isiknowledge.com/
Persee. Portail de revues en sciences humaines et sociales http://www.persee.fr/
Revues.org http://www.revues.org/
JSTOR - Journal Storage http://www.jstor.org/
Portais temáticos
Best of History Web Sites http://www.besthistorysites.net/
Early Modern Resources http://www.earlymodernweb.org.uk/emr/
EH.Net Economic History Services http://eh.net/
History On-Line http://www.history.ac.uk/search/welcome.html
H-Net: Humanities and Social Sciences Online http://www.h-net.org/
Bibliotecas e museus
Biblioteca Nacional http://www.bn.pt/ e http://purl.pt
British Library http://www.bl.uk/
Library of Congress http://www.loc.gov/
Bibliothèque nationale de France http://www.bnf.fr/ e http://gallica.bnf.fr/
Instituto dos Museus e da Conservação http://www.ipmuseus.pt/
Louvre http://www.louvre.fr/
The Metropolitan Museum of Art http://www.metmuseum.org/
State Hermitage Museum http://www.hermitagemuseum.org
Bibliografias e índices
Royal Historic Society Bibliography http://www.rhs.ac.uk/bibl/bibwel.asp
ViVa: A Bibliography of Women's History http://www.iisg.nl/~womhist/vivahome.php
Organizações e associações
A:P:H – Associação de Professores de História http://www.aph.pt/
APHES – Associação Portuguesa de História Económica e Social http://www.aphes.pt/
Euroclio - Conferência Europeia de Associações de Professores de História http://www.euroclio.eu/
The Historical Association http://www.history.org.uk/
The American Historical Association http://www.historians.org/
American Association for History and Computing http://theaahc.org/
Centros e institutos de investigação
Centro de História de Além-Mar http://cham.fcsh.unl.pt/
Instituto de História Contemporânea http://ihc.fcsh.unl.pt/
Instituto de Estudos Medievais http://www.fcsh.unl.pt/iem/
Institute of Historical Research http://www.history.ac.uk/
Projectos de investigação
Projecto arqueológico «Médio Eufrates Sírio» http://www.arqueologiaoriente.com/
Ius Lusitaniae. Fontes Históricas do Direito Português http://www.iuslusitaniae.fcsh.unl.pt/
Atlas. Cartografia Histórica http://www.fcsh.unl.pt/atlas
Memórias Paroquiais de 1758 http://www.fcsh.unl.pt/memorias
Materiais para a história eleitoral e parlamentar portuguesa http://purl.pt/5854/1/
Theban Mapping Project http://www.thebanmappingproject.com/
Repositórios e publicações digitais
RepositóriUM (Universidade do Minho) https://repositorium.sdum.uminho.pt/
MatrizPix http://www.matrizpix.imc-ip.pt/matrizpix/
American Council of Learned Societies - Humanities E-Book http://www.humanitiesebook.org/
Database of EUI publications http://cadmus.eui.eu/dspace/
Eliohs – Electronic Library of Historiography http://www.eliohs.unifi.it/indexbib.html
EOD: E-books On Demand http://books2ebooks.eu/?lang=pt
eScholarship Editions http://www.escholarship.org/editions/
Repositories of primary sources http://uidaho.edu/special-collections/Other.Repositories.html
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Project Gutenberg http://www.gutenberg.org/
Historical Voices http://www.historicalvoices.org/
Perseus Digital Library http://www.perseus.tufts.edu/hopper/
Avaliação de conteúdos na Internet
Separar o "trigo do joio" é uma tarefa ancestral e essencial nos campos. Gostando os historiadores de tudo o que é antigo, ancestral (bem, talvez nem todos!), nada mais natural do que terem desenvolvido um conjunto de metodologias que, à semelhança daquele trabalho agrícola, lhes permitissem averiguar, seleccionar e validar as fontes que possibilitam olhar para o passado com a confiança, com uma maior confiança pelo menos, de não estar a interpretar mal os seus testemunhos. Também aqui o objectivo é separar o bom do mau, avaliando o conteúdo e o contexto de produção do documento.
Se este trabalho é basilar na tarefa do historiador, porque razão deveria ser diferente na era do digital? A Internet é, além de muitas outras coisas, um gigantesco repositório de informação, de documentos, de fontes e potenciais fontes. É um arquivo, com regras um pouco diferentes dos tradicionais, é certo, mas nem por isso menos válido para o trabalho do historiador. Para o usar é necessário, primeiro, pesquisar e sobre isso já falei um pouco no último texto, mas depois é crucial conseguir avaliar o que se encontra.
Também esta fase faz parte da chamada "literacia informativa", sendo quase inata para o historiador. Se, perante um novo documento, um novo achado arqueológico, um novo artefacto, uma nova interpretação histórica, o "trabalhador do passado" (se os há para o "comércio", porque não para o passado!) automaticamente recorre à avaliação, à crítica, à recensão e análise, porque razão essas tarefas devem ser negligenciadas ou usadas com menos critério na Internet? A resposta deve apontar e reforçar precisamente a direcção oposta. Tendo em conta a forma como é produzida e disponibilizada uma boa parte dos conteúdos digitais, sem passar pelo crivo, pelo filtro académico, institucional, profissional, seja ele o peer review, seja ele editorial, aquelas tarefas assumem uma particular importância e acuidade.
A avaliação de conteúdos na Internet é, assim, uma necessidade e melhorar a forma como o historiador ou o estudante de História cumprem essa tarefa é algo que deve ocupar a mente e levar à acção todos os que têm a responsabilidade de ensinar pessoas. Desculpem-me a utilização de um conceito quase politicamente incorrecto, pois hoje em dia os "professores não ensinam", quando muito formam, desenvolvem competências, estimulam... Mas se assim é, então, o estímulo deve passar pela explicação de um conjunto de questões que todos os utilizadores da Internet devem ter presentes, em formato livro de bolso, quando se deparam com a informação e pretendem averiguar da sua qualidade.
As perguntas a lançar para o ciberespaço podem resumir-se aos já clássicos quem, para quem, porquê, como e quando. A obtenção de respostas a estas questões por parte dos sites que se consulta e a análise desse feedback é essencial para a avaliação da qualidade dos conteúdos ou recursos digitais. A principal dificuldade, porém, é que normalmente quem faz as perguntas tem também o trabalho, deve ter a persistência de procurar as respostas. Daí ter chamado a atenção para uma navegação "activa" da Internet, ou seja, não aceitar passivamente tudo o que vem à rede, pois nem tudo é peixe que se possa comer. Por vezes é necessário devolver ao mar de informação aquele que ainda não está completo, que não está suficientemente desenvolvido, ou colocar de lado, deitar fora o que está poluído.
Nesta tarefa, difícil e morosa a princípio, mas que com a continuação se vai tornando quase intuitiva, é preciso começar por questionar sobre o "quem". Quem produziu a informação, quem é responsável pelo site e pela divulgação do seu conteúdo? A que instituição está afiliado? Que competências e habilitações demonstra ter para falar sobre o assunto? Depois o "para quem". A quem se dirige o site? O seu público-alvo é a população em geral, são os estudantes, é o meio académico? Que tipo de discurso é utilizado? A seguir o "porquê". Qual o objectivo a atingir com o conteúdo do site? Que imagem ou ideia se quer fazer passar? Existirá alguma "agenda" escondida por trás do discurso, mais ou menos, científico? O "como" é igualmente importante. Que métodos e técnicas são usadas para passar a mensagem? O conteúdo é o mais importante ou é apenas acessório por entre um fogo-de-artifício de cores e animações? Existe rigor naquilo que é transmitido? São indicadas fontes ou referências que permitam confirmar ou confrontar o que é afirmado? Por fim, o "quando". O que foi encontrado é informação actual? Quando foi a mesma disponibilizada? Foi corrigido ou actualizado o conteúdo do site? Será que não existem dados e interpretações mais recentes sobre o assunto?
Bem, a lista de perguntas é extensa e assusta qualquer um à partida. Utilizar a Internet desta forma, com uma lista de verificações tão complicada e de resposta nem sempre simples ou óbvia, acaba por reduzir drasticamente a velocidade de navegação, mesmo que se use a banda larga. Será necessário obter resposta a todas as questões, em todos os sites que se encontra, a cada momento do trabalho de pesquisa pela Web? Não, isso vai depender muito do objectivo do trabalho, do rigor a colocar no mesmo, do tipo de utilizador. Numa parte dos casos bastará uma boa resposta às três primeiras perguntas para que sejam, mais ou menos, dispensáveis as restantes. Mas se o objectivo for mais exigente, mais académico, por exemplo, então chegar ao "como" e ao "quando" torna-se obrigatório.
O importante a destacar, até para não desanimar quem quer começar a fazer um uso mais produtivo e informativo da Internet, é que a lista de questões não é obrigatória a todo o momento, pode e deve ser adaptada aos objectivos e necessidades de cada um e, mais significativo do que tudo isso, é suficientemente maleável e assimilável para com facilidade e alguma prática passar a constituir uma competência natural de quem usa a Internet.
Os links que indico a seguir levam a um conjunto de sites onde esta temática é abordada. A lista de perguntas e a forma como as mesmas são apresentadas pode diferir, mas em todos é realçada a necessidade de um uso atento e crítico da Internet e da informação que através dela se obtém.
Trinkle, Dennis A., e Scott A. Merriman, The history highway, M.E. Sharpe, 2006, pp. 24-34. (no Google Books)
History Matters: Reference desk: Evaluating Digital Resources
Surfing for the Past: How to Separate the Good from the Bad
Using Primary Sources on the Web
Evaluating Web Pages: Techniques to Apply & Questions to Ask
Guide to Evaluating Websites
Teaching students to evaluate Web sources more critically
Photographic Truth in the Digital Era
Conteúdos Enganadores ou Falsos na Internet
Cinco Critérios Para Avaliar Websites - Parte I
Cinco Critérios Para Avaliar Websites - Parte II
Se este trabalho é basilar na tarefa do historiador, porque razão deveria ser diferente na era do digital? A Internet é, além de muitas outras coisas, um gigantesco repositório de informação, de documentos, de fontes e potenciais fontes. É um arquivo, com regras um pouco diferentes dos tradicionais, é certo, mas nem por isso menos válido para o trabalho do historiador. Para o usar é necessário, primeiro, pesquisar e sobre isso já falei um pouco no último texto, mas depois é crucial conseguir avaliar o que se encontra.
Também esta fase faz parte da chamada "literacia informativa", sendo quase inata para o historiador. Se, perante um novo documento, um novo achado arqueológico, um novo artefacto, uma nova interpretação histórica, o "trabalhador do passado" (se os há para o "comércio", porque não para o passado!) automaticamente recorre à avaliação, à crítica, à recensão e análise, porque razão essas tarefas devem ser negligenciadas ou usadas com menos critério na Internet? A resposta deve apontar e reforçar precisamente a direcção oposta. Tendo em conta a forma como é produzida e disponibilizada uma boa parte dos conteúdos digitais, sem passar pelo crivo, pelo filtro académico, institucional, profissional, seja ele o peer review, seja ele editorial, aquelas tarefas assumem uma particular importância e acuidade.
A avaliação de conteúdos na Internet é, assim, uma necessidade e melhorar a forma como o historiador ou o estudante de História cumprem essa tarefa é algo que deve ocupar a mente e levar à acção todos os que têm a responsabilidade de ensinar pessoas. Desculpem-me a utilização de um conceito quase politicamente incorrecto, pois hoje em dia os "professores não ensinam", quando muito formam, desenvolvem competências, estimulam... Mas se assim é, então, o estímulo deve passar pela explicação de um conjunto de questões que todos os utilizadores da Internet devem ter presentes, em formato livro de bolso, quando se deparam com a informação e pretendem averiguar da sua qualidade.
As perguntas a lançar para o ciberespaço podem resumir-se aos já clássicos quem, para quem, porquê, como e quando. A obtenção de respostas a estas questões por parte dos sites que se consulta e a análise desse feedback é essencial para a avaliação da qualidade dos conteúdos ou recursos digitais. A principal dificuldade, porém, é que normalmente quem faz as perguntas tem também o trabalho, deve ter a persistência de procurar as respostas. Daí ter chamado a atenção para uma navegação "activa" da Internet, ou seja, não aceitar passivamente tudo o que vem à rede, pois nem tudo é peixe que se possa comer. Por vezes é necessário devolver ao mar de informação aquele que ainda não está completo, que não está suficientemente desenvolvido, ou colocar de lado, deitar fora o que está poluído.
Nesta tarefa, difícil e morosa a princípio, mas que com a continuação se vai tornando quase intuitiva, é preciso começar por questionar sobre o "quem". Quem produziu a informação, quem é responsável pelo site e pela divulgação do seu conteúdo? A que instituição está afiliado? Que competências e habilitações demonstra ter para falar sobre o assunto? Depois o "para quem". A quem se dirige o site? O seu público-alvo é a população em geral, são os estudantes, é o meio académico? Que tipo de discurso é utilizado? A seguir o "porquê". Qual o objectivo a atingir com o conteúdo do site? Que imagem ou ideia se quer fazer passar? Existirá alguma "agenda" escondida por trás do discurso, mais ou menos, científico? O "como" é igualmente importante. Que métodos e técnicas são usadas para passar a mensagem? O conteúdo é o mais importante ou é apenas acessório por entre um fogo-de-artifício de cores e animações? Existe rigor naquilo que é transmitido? São indicadas fontes ou referências que permitam confirmar ou confrontar o que é afirmado? Por fim, o "quando". O que foi encontrado é informação actual? Quando foi a mesma disponibilizada? Foi corrigido ou actualizado o conteúdo do site? Será que não existem dados e interpretações mais recentes sobre o assunto?
Bem, a lista de perguntas é extensa e assusta qualquer um à partida. Utilizar a Internet desta forma, com uma lista de verificações tão complicada e de resposta nem sempre simples ou óbvia, acaba por reduzir drasticamente a velocidade de navegação, mesmo que se use a banda larga. Será necessário obter resposta a todas as questões, em todos os sites que se encontra, a cada momento do trabalho de pesquisa pela Web? Não, isso vai depender muito do objectivo do trabalho, do rigor a colocar no mesmo, do tipo de utilizador. Numa parte dos casos bastará uma boa resposta às três primeiras perguntas para que sejam, mais ou menos, dispensáveis as restantes. Mas se o objectivo for mais exigente, mais académico, por exemplo, então chegar ao "como" e ao "quando" torna-se obrigatório.
O importante a destacar, até para não desanimar quem quer começar a fazer um uso mais produtivo e informativo da Internet, é que a lista de questões não é obrigatória a todo o momento, pode e deve ser adaptada aos objectivos e necessidades de cada um e, mais significativo do que tudo isso, é suficientemente maleável e assimilável para com facilidade e alguma prática passar a constituir uma competência natural de quem usa a Internet.
Os links que indico a seguir levam a um conjunto de sites onde esta temática é abordada. A lista de perguntas e a forma como as mesmas são apresentadas pode diferir, mas em todos é realçada a necessidade de um uso atento e crítico da Internet e da informação que através dela se obtém.
Trinkle, Dennis A., e Scott A. Merriman, The history highway, M.E. Sharpe, 2006, pp. 24-34. (no Google Books)
History Matters: Reference desk: Evaluating Digital Resources
Surfing for the Past: How to Separate the Good from the Bad
Using Primary Sources on the Web
Evaluating Web Pages: Techniques to Apply & Questions to Ask
Guide to Evaluating Websites
Teaching students to evaluate Web sources more critically
Photographic Truth in the Digital Era
Conteúdos Enganadores ou Falsos na Internet
Cinco Critérios Para Avaliar Websites - Parte I
Cinco Critérios Para Avaliar Websites - Parte II
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quinta-feira, 23 de julho de 2009
Será a Wikipédia uma boa fonte de informação?
A pergunta impõe-se quando se verifica que esta estrela da nova Web 2.o ou Web colaborativa é quase sempre o principal e o mais frequente resultado devolvido na maioria das pesquisas feitas na Internet na área da História. Não acreditam? Um saltinho rápido até ao Google e a realização de algumas pesquisas sobre, por exemplo, História de Portugal, Descobrimentos Portugueses, D. Afonso Henriques e 25 de Abril de 1974 ou ainda Black Death, Ancient Egypt e Australopithecus, pode ser esclarecedora. Sem surpresa, a enciclopédia livre aparece em primeiro ou nos três primeiros lugares das listas de resultados.
A questão é igualmente pertinente porque a juntar a esta evidência está outra, mais empírica do que científica ou estatística, que aponta para uma utilização massiva deste recurso como fonte de informação privilegiada pelos alunos, quando não como única fonte de informação. Neste ponto é preciso destacar um outro aspecto da já referida "literacia informativa", a necessidade de se avaliar criticamente os conteúdos disponibilizados na rede. Não basta saber encontrar a informação, cada vez mais é preciso saber filtrar a mesma, separar o bom do mau, comparar dados de diferentes origens, em poucas palavras, tal como a Web se está a tornar numa ferramenta de elaboração de conhecimento onde cada um pode ter um papel activo, pode ser um produtor, também por isso se torna obrigatório que sejamos e que ensinemos os alunos a serem consumidores activos de informação.
Sobre como o fazer, procurarei dar mais alguns detalhes num próximo texto. Por agora, julgo que pode ser útil para a discussão sobre a utilidade e validade da Wikipédia manter um espírito aberto, mas crítico, e dar uma espreitadela aos argumentos de quem é a favor e contra. Começar por um artigo da Time que considerou o anónimo colaborador da Web 2.0 como a "Pessoa do ano em 2006". Depois, passar os olhos por um pequeno, mas muito informativo, texto que permite relativizar a noção da Wikipédia como um recurso totalmente livre e editado pelas "massas" (Digg, Wikipedia, and the myth of Web 2.0 democracy). Afinal talvez nos faça pensar um pouco o facto da enciclopédia colaborativa não ter assim tantos colaboradores e como isso pode até acarretar mais desvantagens para o utilizador final do que se o universo dos enciclopédicos fosse mais abrangente. No fundo, pode ficar sempre a dúvida sobre quem efectivamente controla a disponibilização de conhecimento. Para os mais cépticos pode ser interessante avançar depois para um estudo publicado na Nature que coloca em pé de igualdade, quase, a Wikipédia e a versão Web da Enciclopédia Britânica. Vale a pena seguir a polémica gerada por esse artigo, com refutações e contra-refutações. Por fim, veja-se uma discussão entre dois apaixonados da Internet, mas com ideias muito diferentes sobre a mais valia da Web 2.0., curiosamente, um, Andrew Keen, com formação na área da História e o outro, David Weinberger, ligado à Filosofia (nem eu resisto a citar a Wikipédia para a biografia dos senhores em causa!).
A questão é igualmente pertinente porque a juntar a esta evidência está outra, mais empírica do que científica ou estatística, que aponta para uma utilização massiva deste recurso como fonte de informação privilegiada pelos alunos, quando não como única fonte de informação. Neste ponto é preciso destacar um outro aspecto da já referida "literacia informativa", a necessidade de se avaliar criticamente os conteúdos disponibilizados na rede. Não basta saber encontrar a informação, cada vez mais é preciso saber filtrar a mesma, separar o bom do mau, comparar dados de diferentes origens, em poucas palavras, tal como a Web se está a tornar numa ferramenta de elaboração de conhecimento onde cada um pode ter um papel activo, pode ser um produtor, também por isso se torna obrigatório que sejamos e que ensinemos os alunos a serem consumidores activos de informação.
Sobre como o fazer, procurarei dar mais alguns detalhes num próximo texto. Por agora, julgo que pode ser útil para a discussão sobre a utilidade e validade da Wikipédia manter um espírito aberto, mas crítico, e dar uma espreitadela aos argumentos de quem é a favor e contra. Começar por um artigo da Time que considerou o anónimo colaborador da Web 2.0 como a "Pessoa do ano em 2006". Depois, passar os olhos por um pequeno, mas muito informativo, texto que permite relativizar a noção da Wikipédia como um recurso totalmente livre e editado pelas "massas" (Digg, Wikipedia, and the myth of Web 2.0 democracy). Afinal talvez nos faça pensar um pouco o facto da enciclopédia colaborativa não ter assim tantos colaboradores e como isso pode até acarretar mais desvantagens para o utilizador final do que se o universo dos enciclopédicos fosse mais abrangente. No fundo, pode ficar sempre a dúvida sobre quem efectivamente controla a disponibilização de conhecimento. Para os mais cépticos pode ser interessante avançar depois para um estudo publicado na Nature que coloca em pé de igualdade, quase, a Wikipédia e a versão Web da Enciclopédia Britânica. Vale a pena seguir a polémica gerada por esse artigo, com refutações e contra-refutações. Por fim, veja-se uma discussão entre dois apaixonados da Internet, mas com ideias muito diferentes sobre a mais valia da Web 2.0., curiosamente, um, Andrew Keen, com formação na área da História e o outro, David Weinberger, ligado à Filosofia (nem eu resisto a citar a Wikipédia para a biografia dos senhores em causa!).
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quarta-feira, 22 de julho de 2009
Encontrar História na Internet
Pesquisar informação de forma eficaz, produtiva, é não só uma das principais competências que devem ser adquiridas pelo estudante de História, como, no mundo globalizado de hoje, é um dos indicadores fundamentais para aferir o que a Unesco define com "literacia informativa". Ou seja, o desenvolvimento das capacidades requeridas para encontrar informação ou aceder, com proficiência, ao conhecimento, em especial, através da Internet, deve ser um aspecto fundamental da formação dos indivíduos.
Contudo, mesmo com o auxílio dos potentes motores de pesquisa existentes - e quem é que ainda não abriu um para tentar, quanto mais não seja por mera curiosidade, encontrar o seu nome na teia de nós e ligações que forma a WWW - por vezes, a tarefa afigura-se como "encontrar uma agulha num palheiro" tal é a quantidade de ruído devolvida pelo eco do Google, para citar a mais usada dessas ferramentas de exploração da Internet. A História não é excepção e, por vezes, tentar encontrar dados sobre um determinado acontecimento, sobre uma certa conjuntura ou sobre uma análise histórica, tenha sido distribuída através de um site, de um artigo ou de um livro, sem despender longas horas em frente a um monitor é, em boa medida, fruto do acaso.
Com este texto e as sugestões que dou a seguir não pretendo transformar-me em Teseu e resolver o mistério do labirinto da Internet, mas talvez em mero ajudante de Ariadne, contribuindo para tecer o novelo, chamando a atenção, por exemplo, que o próprio Google tem muito mais para oferecer do que o simples "I'm Feeling Lucky" da sua página principal. Para o curioso, o estudante e o investigador da História, as várias ferramentas desenvolvidas pela equipa do Google nos últimos anos oferecem um mundo de possibilidades, algumas óbvias, outras nem tanto. Mas existe muito mais na Internet para além do gigante das pesquisas e para tipos de dados muito variados, apresentados em texto ou em imagens, existem sites onde uma pesquisa mais atenta pode dar excelentes resultados. Por agora ficam apenas alguns exemplos que vão da pesquisa de livros, a artefactos de museu, por vezes recorrendo a sites "improváveis" ou passando por portais especializados na gestão de informação. Por fim, quando o que se procura já não está disponível, pois também isso é frequente ocorrer na Internet, podendo considerar-se como uma das suas principais desvantagens, é sempre possível recorrer a uma "máquina do tempo" disponibilizada pelo projecto "Internet Archive".
Google
Google Books
Google Scholar
Google News Timeline
WorldCat
Amazon
Europeana
Librarians' Internet Index
Intute: Arts and Humanities
Contudo, mesmo com o auxílio dos potentes motores de pesquisa existentes - e quem é que ainda não abriu um para tentar, quanto mais não seja por mera curiosidade, encontrar o seu nome na teia de nós e ligações que forma a WWW - por vezes, a tarefa afigura-se como "encontrar uma agulha num palheiro" tal é a quantidade de ruído devolvida pelo eco do Google, para citar a mais usada dessas ferramentas de exploração da Internet. A História não é excepção e, por vezes, tentar encontrar dados sobre um determinado acontecimento, sobre uma certa conjuntura ou sobre uma análise histórica, tenha sido distribuída através de um site, de um artigo ou de um livro, sem despender longas horas em frente a um monitor é, em boa medida, fruto do acaso.
Com este texto e as sugestões que dou a seguir não pretendo transformar-me em Teseu e resolver o mistério do labirinto da Internet, mas talvez em mero ajudante de Ariadne, contribuindo para tecer o novelo, chamando a atenção, por exemplo, que o próprio Google tem muito mais para oferecer do que o simples "I'm Feeling Lucky" da sua página principal. Para o curioso, o estudante e o investigador da História, as várias ferramentas desenvolvidas pela equipa do Google nos últimos anos oferecem um mundo de possibilidades, algumas óbvias, outras nem tanto. Mas existe muito mais na Internet para além do gigante das pesquisas e para tipos de dados muito variados, apresentados em texto ou em imagens, existem sites onde uma pesquisa mais atenta pode dar excelentes resultados. Por agora ficam apenas alguns exemplos que vão da pesquisa de livros, a artefactos de museu, por vezes recorrendo a sites "improváveis" ou passando por portais especializados na gestão de informação. Por fim, quando o que se procura já não está disponível, pois também isso é frequente ocorrer na Internet, podendo considerar-se como uma das suas principais desvantagens, é sempre possível recorrer a uma "máquina do tempo" disponibilizada pelo projecto "Internet Archive".
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terça-feira, 21 de julho de 2009
História digital
Aqui ficam alguns links para artigos, blogs e sites dedicados à História Digital ou à discussão do conceito, vantagens e desvantagens desta nova área de exploração do passado. A lista não pretende ser exaustiva, mas apenas contribuir para uma introdução ao tema. A organização dos links é simplesmente alfabética, mas aconselha-se vivamente o início da caminhada na descoberta da História Digital através da consulta do texto de Daniel Coen e Roy Rosenzweig, Digital History: A Guide to Gathering, Preserving, and Presenting the Past on the Web:
A Companion to Digital Humanities
Digi-History
Digital Arts and Humanities
Digital Historian
Found History
History and New Media
Methodologies and the (Digital) History Major
The Pasts and Futures of Digital History
The Promise of Digital History
A Companion to Digital Humanities
Digi-History
Digital Arts and Humanities
Digital Historian
Found History
History and New Media
Methodologies and the (Digital) History Major
The Pasts and Futures of Digital History
The Promise of Digital History
sexta-feira, 6 de março de 2009
A primeira "pegada"
A iniciativa para a criação deste espaço partiu, por um lado, da planificação de um curso, com o mesmo nome, a apresentar na Escola de Verão da FCSH e, por outro lado, da necessidade de registo e partilha de um conjunto de ideias, conceitos e práticas sobre a utilização da Internet por todos os que, de alguma forma, se dedicam à investigação, ensino e estudo do passado. O objectivo é, tão-só, expor um pouco da minha própria experiência, enquanto entusiasta do uso das novas tecnologias na sua vertente de ferramentas auxiliares na construção e divulgação do saber histórico, mas também como docente interessado na motivação dos alunos para a sua utilização. Se a este objectivo conseguir juntar o da criação de um espaço de discussão e reflexão sobre a temática da História Digital ou da Informática Aplicada à História, nessa altura, terei superado as minhas melhores expectativas, o que não deixará de ser encorajador para esta tímida "pegada" histórico-digital.
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